três mulheres que se despem para ser europa
Projecto de Design de Comunicação V

Despimo-nos quando deixamos de ter medo de olhar para dentro de nós. Nesse momento em que nos vemos, confrontamo-nos com nós próprios ou com as nossas representações? Três mulheres. Três gerações. Um confronto com os três tempos. Um diálogo entre um corpo, manifesto próprio, primeiro lugar onde se reside, e uma memória. A Europa. Uma casa definida por quem a habita. Parte-se de momentos e identidades, reais ou do imaginário colectivo, provenientes das memórias de três. A avó, de nome Ofélia. A mãe, Conceição. Eu, Carolina. No tempo imediato desta encenação habitada, evoca-se um espaço, um tempo para se adaptar e estar, um tempo para a compreensão e apropriação dessa memória em que o corpo se expande, em que o corpo se contrai; em que alguém está, em que alguém é, submetendo-nos às normas e raízes do que nos recordamos. Três mulheres que se despem para ser europa interrompe-nos num percurso suspenso, arbitrário, assim como se nos depara um pensamento. Quer seja através de uma armadilha poética de Godard, de um cigarro que se fuma com Simone Beauvoir ou de um convite para dançar. Num encontro com Electra de Ésquilo ou com a mulher que Picasso pinta a engomar. No café Müller ou na praça onde Joana D’ Arc foi executada. Interrompe-nos sobre a nossa pele e dentro das nossas feridas.