poética vermelha
Projecto de Design de Comunicação V

Do alto vêem-se as grelhas de betão e vidro e as pessoas deslocam-se dentro das margens, percorrendo esse espaço concreto e delineado, constituindo a cidade de seu nome Europa. O texto humano apresenta-se como um poema desmesurado, que se alastra a um ritmo inconstante, ritmo que o observador procura e ao qual pretende chamar europeu. Encaramos o desafio de ler através da cidade os seus habitantes, estes que constituem o tecido denso da multidão e se apresentam como a unidade mais pequena da própria Europa. A descida ao nível do solo revela a identidade da observação superior como ilusória e o habitante deste espaço europeu, que se apresentava erradamente como concreto, transforma os lugares com a sua acção. Ligamos o andar à linguagem, os passos dos transeuntes às unidades da fala e da escrita e a rima esconde-se nos densos parágrafos que percorremos com minúcia. O ritmo europeu é estranho ao próprio habitante. Da deriva fica uma colecção de memórias heterogéneas, elementos dispersos, que se unem inconscientemente pela poética da cor vermelha - símbolo de feridas e sangue, de dor e de paixão, de fraternidade e de guerra.