O café é um local de encontro. O café é uma finalidade. As pessoas deslocam-se até ele com um propósito, e lá ficam. Enquanto nas ruas se observa as pessoas a andarem de um lado para o outro, e não sabemos qual é o seu destino, nos cafés conseguimos traçar o que fazem, e o que são. Os cafés estão abertos para todos, mas cada um tem as suas características e consequentemente, determinados tipos de pessoas que os frequentam.

Nesta sequência, as fotografias são tiradas na Versalhes. A sequência representa pormenores de fotografias originais, ou seja, o zoom que é feito propositadamente evidencia a actividade das pessoas neste espaço.

Estas características são, a meu ver, tipicamente europeias. O facto de se comer sentado indica a altura de uma pausa, um momento. Ler o jornal, combinar um encontro, a decoração (neste café em especial) do espaço, a refeição feita com talheres, a comida que reflete a cultura, a actividade da escrita, a roupa que as pessoas levam vestida ou o simples acto de estar são características tipicamente europeias. A mesa, enquanto sítio de partilha é uma factor importante. Não só é um espaço de refeição mas também um espaço de convívio.

“O café é um espaço para encontros amorosos e conspirações, para o debate intelectual e a bisbilhotice, para o flâneur e para o poeta ou o metafísico com o seu caderninho. Está aberto a todos, mas ao mesmo tempo é um clube, uma franco-maçonaria de reconhecimento político ou artístico-literário e de presença programática.” - (George Steiner, A Ideia de Europa)